UMA VERDADEIRA AULA DE COMO DEIXAR DE BEBER




No dia quinze de dezembro, Valter Evangelista da Silva, 79 anos, membro fundador do grupo Nova Esperança, dos Alcoólicos Anônimos de Cachoeira, Bahia, deu uma palestra para os alunos de jornalismo da UFRB, no quarteirão Leite Alves, sobre as ações do grupo na recuperação de dependentes químicos.
Segundo Valter, o alcoolismo não tem cura, o álcool é uma doença mental, espiritual e progressiva que pode levar à morte. O crack e a maconha, diz ele, não são drogas piores que o álcool, que causa prejuízos imensuráveis à humanidade, provocando inúmeros desastres de trânsito, agressões físicas, desavenças familiares e muitos outros males. Os A. A. ajudam os alcoólicos a saírem dessa vida.
Valter alerta para o fato de que, para os potencialmente viciados no álcool, o perigo é tomar o primeiro gole. As bebidas alcoólicas nos passam uma sensação falsa de ânimo. Nos casos mais extremos, dos alcoólatras compulsivos, o doente bebe para dormir e acorda para beber.
O governo, segundo Valter Silva, não faz nada para conter o aumento desenfreado do consumo de álcool. Ele faz um alerta utilizando se do lema do grupo: “se você quer parar de beber o problema é nosso, mas se você não quer, o problema é de vocês”.
Falou ainda sobre a criação dos A. A., em Cachoeira, em 1988, informando que doze pessoas participam atualmente das reuniões. À pergunta: quando a pessoa se considera um alcoólatra? Foi taxativo: “Quando ela perde o controle sobre a bebida”.

Indagado pelos alunos sobre a responsabilidade dos meios de comunicação de massa no aumento do uso de drogas, ele respondeu que há, de fato, uma contribuição nesse sentido, lembrando que é bem maior hoje o número de pessoas que ingressam no vício do álcool. Disse, no entanto, que não condena as empresas de bebidas, porque “quem bebe, é que deve ter um limite”.
O palestrante falou também sobre a sua vida pessoal e profissional. Fotógrafo “lambe lambe” há mais de sessenta anos, tem um estúdio no mercado de Cachoeira.